Com o processo de envelhecimento, alguns subsistemas de memória passam por maiores mudanças do que outros. Neste texto vamos falar de estratégias de memória que podem diminuir os esquecimentos.
Assim como demonstrado nos estudos, os subsistemas de memória recente e operacional são os mais afetados pelo processo de envelhecimento normal.
Sabe se as dificuldades de memória em indivíduos idosos estão associadas com dificuldades no processamento e no resgate das informações.
Pesquisadoresapontam que as pessoas idosas têm uma mudança no desempenho de habilidades mentais como na atenção sustentada, na memória operacional, na velocidade de processamento por exemplo), assim, podem ter maior dificuldade de utilizar mecanismos que facilitem a gravação e o resgate da informação, tendo os famosos “brancos”, que são os esquecimentos do cotidiano.
Neste cenário, as estratégias são concebidas como ferramentas eficazes de compensação das dificuldades de memória, em particular, para a memória recente.
As estratégias de treinamento da memória são divididas em internas e externas, sendo poderosas ferramentas para estimular o mecanismo que chamamos de plasticidade neuronal, ou seja, um processo de compensação de dificuldades, que resulta em ganhos para o desempenho cognitivo.
Assim como informam os especialistas, não existem fórmulas mágicas para aumentar o nível do desempenho de memória na velhice, mas ganhos objetivos no desempenho de memória são observados após participação em programas que estimulam o aprendizado de estratégias e a otimização da memorização.
As principais estratégias internas documentadas na literatura seriam: a criação de imagens mentais, as estratégias de categorização, a associação verbal, o método dos lugares (method of loci), e o método, chamado de técnica face-nomes.
As estratégias externas compreendem o uso de calendários, a utilização de agendas, a utilização da lista de afazeres, o uso de alarmes, entre outros recursos.
A criação de imagens mentais é uma das técnicas mnemônicas mais eficazes.
Consiste na criação consciente de imagens que auxiliam no fortalecimento do traço de memória.
Nesta técnica, cria-se uma imagem de uma situação ou de um item a ser memorizado, e a imagem ajuda a dar vivacidade às informações, podendo servir de mediador no momento do resgate da informação. Isto é, ao tentar resgatar o item memorizado, a imagem facilita o acesso à informação desejada.
Como as imagens ajudam nas estratégias de memória?
O uso de imagens mentais interativas é descrito em estudos de treino de memória. Entretanto, a criação de imagens mentais exige recursos cognitivos sofisticados e, por vezes, pode não ser uma estratégia prática para a vida diária, pois sua criação requer certa concentração e tempo.
Autores defendem que a criação consciente de imagens mentais leva a um processamento mais profundo e facilita a memorização de longo prazo.
Outra estratégia frequentemente relatada em pesquisas e ensinada em programas de treino de memória refere-se à categorização.
Que engloba a organização de informações em categorias lógicas ou grupos semânticos, que servem como pista no momento do resgate da informação, visto que dentro de uma categoria, os itens podem associar-se uns aos outros, fortalecendo o traço de memória.
A eficácia da técnica de categorização já é comprovada para a memorização de listas de supermercado e de objetos.
A utilização de estratégias de memória pode oferecer mudanças no funcionamento cognitivo, por diminuir a sobrecarga de lembrar de uma informação memorizada, e reduzir os lapsos de memória em idosos, podendo colaborar para a manutenção de sua funcionalidade e independência.
Continue lendo para entender
Um resumo das principais técnicas de memorização; veja qual ou quais estratégias melhor representa a sua identidade:
- Formação de rimas: as rimas organizam os materiais, associando a um certo ritmo. Exemplo: quando ouvimos uma música para aprender conceitos de Biologia, como fazem os professores de cursos pré-vestibulares.
- Criação de imagens: A atribuição de um significado à informação visual facilita a evocação do material. Combinar imagens com repetições parece ser ainda mais eficaz que utilizar apenas as imagens. Exemplo: ao visualizarmos a “bota” italiana ao dar um pontapé numa pedra, logo identificaremos a Sicília.
- Uso de organização: a informação pode ser usada de muitas maneiras. Organizar as palavras em ordem alfabética ou de modo que suas iniciais formem uma sigla com significado, como por exemplo, T.O.C. (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), pode facilitar sua evocação.
- Técnica específica para leitura: Neste caso, uma das estratégias mais recomendadas é a estratégia PQRST. Caso você ache à primeira vista esta prática um pouco complicada, tente, primeiramente, organizar etapas na cabeça para depois colocá-las em prática. Uma vez dominada a técnica, ela passa a ser de grande valia no dia-a-dia.
P = Prévia: leia a informação uma vez para saber do que se trata.
Q = Questão: faça perguntas a você mesmo sobre o que leu.
R = Releia: releia a informação tentando responder às perguntas.
S = Selecione: selecione a resposta correta.
T = Teste: releia a informação para testar se as respostas estão corretas.
As estratégias de memória podem auxiliar na organização das informações a serem processadas, e ainda poderiam servir como facilitadoras para o processamento eficiente do resgate das informações, reduzindo os brancos, auxiliando diretamente nos cuidados com a saúde do cérebro. Saiba que nunca é tarde para começar, por isso se ainda não utiliza as estratégias, busque verificar a que pode ser útil, e envelheça com saúde.
Recapitulando: quais são as melhores estratégias de memória?
- Formação de rimas;
- Criação de imagens;
- Uso de organização;
- Técnica específica para leitura;
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo-USP. Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. Diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). É assessora científica e consultora do Método Supera.
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