A descrição inicial da Doença de Alzheimer (DA) como uma doença neurodegenerativa foi feita pelo psiquiatra e neurologista alemão Alois Alzheimer no ano de 1906, em uma paciente com quadro demencial de início precoce. No cérebro da paciente chamada Auguste Deter, no qual Alzheimer descreveu duas das principais características da doença: a perda neuronal e os emaranhados neurofibrilares (ENFs). O médico Alois Alzheimer, também descreveu as placas extracelulares (atualmente denominadas placas senis).
A Doença de Alzheimer (DA) pertence ao grupo chamado de doenças neurodegenerativas, causando comprometimentos progressivos na saúde física, nas relações e interações sociais e nas funções cognitivas, comprometendo o desempenho em tarefas do cotidiano, inclusive relacionadas ao autocuidado, além disso resulta em alterações de comportamento, e com o decorrer da doença na personalidade.
De acordo com pesquisadores, como Silva, Lessa & Araújo (2021), os efeitos psicossociais da DA trazem uma demanda de cuidados complexos de serem realizados e se tornam cada vez mais complexos à medida que os processos demenciais da doença avançam.
No Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V, 2018), documento que reúne todos os transtornos de saúde mental, a DA é considerada a demência que mais acomete a população idosa em todo o mundo, representando mais de 60%, sendo a mais comum entre as doenças neurodegenerativas. No ano de 2020, foram descritos mais de 50 milhões de casos de pessoas em todo o mundo vivendo com a DA, e as projeções indicam que esse número irá dobrar a cada 20 anos, com perspectivas de chegar a 82 milhões em 2030 e 152 milhões em 2050.
A DA, na sua forma precoce da doença, tem como características, o que é denominado herança autossômica dominante, tem frequente relação com mutações genéticas nos genes precursores do amilóide (APP), presenilina 1 (PSEN1) ou presenilina 2 (PSEN2) podem estar envolvidas. Conforme descrito pela Associação Americana de Psiquiatria, informações estatísticas dos Estados Unidos destacam que 7% das pessoas que foram diagnosticadas com DA, tinham entre 65 a 74 anos, 53% tinham entre 75 e 84 anos e 40% tinham mais de 85 anos (DSM-V, 2014).
Importante destacar que já existem estudos e formas de realizar o diagnóstico precoce da DA, visando atenuar os sintomas ou retardar o processo neurodegenerativo causado pela demência. Com isso, na pesquisa de revisão sistemática de literatura realizada por Silva, Lessa e Araujo (2021), os resultados demonstraram os avanços científicos e alternativas para identificar o diagnóstico antecipado da DA. Desse modo, o rastreio laboratorial Positron Emission Tomography (PET) e a ressonância magnética, são uma das formas de gerarem imagens tridimensionais para a execução de estudos e podem evidenciar a redução da massa cerebral.
Com o PET, é possível verificar depósitos de amilóide e mudanças inflamatórias no cérebro. Segundo o levantamento bibliográfico, esses exames conseguem exibir o acúmulo de amilóide muitos anos antes de aparecerem os sintomas. Outra maneira de constatar a demência, é através de biomarcadores de sangue, em específico o beta 42 e beta 40 no plasma sanguíneo. Os achados da revisão sistemática indicaram que a presença de biomarcadores juntamente com a idade e o gene APOE ε4 levam a uma maior precisão entre os resultados do exame de sangue e a tomografia computadorizada em 94% no diagnóstico de amilóide cerebral, sendo capaz de rastrear indivíduos cognitivamente saudáveis, mas que podem evoluir para DA.
Pesquisadores têm investigado a relação entre Doenças Crônicas Não Transmissíveis e a DA. Em um estudo de Luchsinger et al. (2016), por exemplo, avaliou-se a associação entre o controle da Diabetes com a utilização do medicamento metformina e o desempenho cognitivo de idosos diagnosticados com comprometimento cognitivo leve (CCL) – que também é um dos fatores que podem levar a maiores riscos de desenvolvimento de DA. Os resultados indicaram que os participantes que receberam maior dosagem do medicamento metformina, que controla os níveis de açúcares do sangue apresentaram melhores resultados em uma variável da memória.
Uma vez diagnosticada precocemente, é possível utilizar recursos medicamentosos e não medicamentosos que possam promover a qualidade de vida do indivíduo diagnosticado com a DA e seus familiares, por mais tempo. Sendo do grupo de intervenções não-medicamentosas um conjunto de ações, que estabilizam os estágios da demência, evitando a evolução do quadro, como a estimulação cognitiva e os programas de suporte e educação para cuidadores.
Após analisar os estudos encontrados supõe-se estratégias para detecção dos locais em que a patologia se inicia, seus fatores genéticos e a saúde biopsicossocial no geral, sendo positivo para melhorar o diagnóstico precoce e favorecerá os indivíduos a realizarem os testes clínicos de tratamentos com o objetivo de desacelerar o processo da doença. Destaca-se, que é indispensável respeitar a ética de cada pessoa e familiares ao dialogarem e decidirem o que for melhor para o indivíduo diagnosticado com DA, respeitando os seus direitos e a dignidade humana no processo de envelhecimento.
Assinam este artigo
Cássia Elisa Rossetto Verga
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Graciela Akina Ishibashi
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Realizou estágio no Centro Dia Bom Me Care entre os anos de 2019 a 2020. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de estimulação cognitiva com jogos. Já foi voluntária na Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de origami, dança sênior e letramento digital.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.
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